A esperança não decepciona
Dom Antônio Ferraz Cardeal Chiavi, SJ-M
Introdução
No coração humano, sempre existe um anseio por algo maior, um desejo de plenitude que nenhuma realidade passageira é capaz de saciar. Quando Paulo escreve aos cristãos de Roma, ele os convida a olhar além das tribulações do tempo presente e fixar os olhos no horizonte da fé: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Essa verdade continua viva e atual, sustentando a vida do discípulo de Cristo nos dias de hoje.
1. Esperança que nasce da fé
A esperança cristã não é fruto apenas de um otimismo humano, mas nasce da fé em Jesus Cristo, morto e ressuscitado. Pela fé, somos justificados e reconciliados com Deus, experimentamos a paz e recebemos o dom da graça. Essa graça se transforma em uma confiança inabalável: mesmo quando tudo ao redor parece ruir, sabemos que Deus é fiel.
2. Esperança provada nas tribulações
Paulo ensina que até mesmo o sofrimento pode ser fecundo, pois nos amadurece e nos aproxima de Deus. A perseverança diante das dificuldades forja um coração firme, capaz de esperar no Senhor. Não se trata de negar a dor ou ignorar os sofrimentos do mundo, mas de aprender a enxergar neles a oportunidade de crescer no amor. A esperança cristã não é fuga, mas coragem para permanecer firmes no caminho de Cristo.
3. O Espírito Santo, fonte da esperança
A razão pela qual a esperança não decepciona é clara: ela está enraizada no amor de Deus, derramado em nossos corações pelo Espírito Santo. É o Espírito que nos consola, fortalece e renova. Ele nos faz experimentar já aqui e agora a presença do Reino que virá em plenitude. Onde o Espírito Santo é acolhido, não há espaço para o desespero, mas para uma confiança serena que ilumina até as noites mais escuras.
4. Esperança que transforma a vida
Viver a esperança cristã é testemunhar que nada está perdido para aqueles que confiam no Senhor. É carregar dentro de si uma chama que não se apaga, mesmo em meio à tempestade. Essa esperança nos move a amar mais, a servir com generosidade e a não desistir da vida, das pessoas e da missão que Deus nos confia. A Igreja, como comunidade, é chamada a ser sinal visível dessa esperança: um espaço de acolhida, reconciliação e anúncio de que Deus nunca abandona os seus filhos.
Conclusão
“A esperança não decepciona” porque não está apoiada em promessas humanas, mas na fidelidade de Deus. Em cada lágrima, em cada luta e em cada gesto de amor, a esperança floresce como certeza de que Cristo venceu a morte e caminha ao nosso lado. Sustentados pelo Espírito Santo, somos chamados a proclamar com a vida que nossa esperança é firme e não falha, pois está enraizada no coração de Deus, onde tudo encontra sentido.